domingo, 1 de novembro de 2009

Mar

No mar. Aquele mar que me habituei a admirar, aquele mar que me trazia paz e harmonia. Aquelas ondas que eu já conhecia de cor, bem como a espuma branca que formavam e que vinham tocar-me formando lindas melodias. Voltava àquele pedaço de mundo sempre que podia. Era ali que a minha vida acontecia. Ali assistia a tudo, música, magia, encanto, amor. E porque os melhores momentos da paixão são os iniciais eu voltava nem que fosse para me apaixonar dia após dia com aquele pôr-do-sol. Pela Lua, enamorava-me todas as noites aquando da sua ascensão.

Dei nomes a todas as gaivotas que frequentavam aquela paisagem, e reconhecia-las sempre que lá voltava. A Maria gostava de apanhar conchas com o seu bico longo enquanto passeava pela areia. A Luz gostava de pousar no farol e ficar a observar tudo o que se passava em redor. A Joana era a mais preguiçosa. Não queria dar-se ao trabalho de pescar, por isso limitava-se a andar pela praia esperando que lhe dessem comida. A Diana era a melhor pescadora de todas, passava o dia sobrevoando o mar para no momento oportuno atacar. E muitas outras por lá vivem.

Eu poderia achar que a sua vida era um pouco limitada e monótona, mas não. Aprendi que naquele minúsculo pedaço de mundo elas têm tudo o que precisam e então passei a invejá-las. Ouvem música, vêem magia, encantam-se e apaixonam-se… E podem voar, tomando nas asas a brisa do mar. Mas mais do que a habilidade de voar eu invejo-lhes a possibilidade de se apaixonarem todos os dias pelo pôr-do-sol e de se enamorarem pela ascensão da Lua reflectindo naquele mar.