quinta-feira, 21 de novembro de 2013

[De]Correntes de Água

Tejo Internacional

Nascido de um rabisco emoldurado revestido a cetim. Jazido em teu lábio prateado, rosa ou carmim. Esculpido em pedra maciça ao sol, abençoado com retoques de chuva. Assente em ti, moldado como uma luva.
Perder em teu beijo. Calma. Encontrar em teu desejo. Aquele teu bosquejo de felicidade. Difícil, mas possível, de verdade. Num amanhã que veio ontem em vez de depois de hoje.
Em banho-maria arrefeço timidamente. Pedaços de hoje vividos antigamente. Outrora. Ouro ou diamante. Alto-falante da voz dos outros. Roucos. Loucos. Não poucos. Feitiço ameno. Resulta em pleno.
Ao tempo. Ao tempo que já não vais nem voltas. Só, ficas só. Caminhas, páras, corres e morres.
Amor sem fim, petrificado em mim. Perpetuado em nós, que nos foge da voz. Somente em coração vago. Chorei um lago. Choraste um rio. E fomos desaguar, em mar vazio.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

«Vocábulos et cetera»

Sopram ventos de amargura. Ternura. Pura. Textura.

Bafam brisas do deserto. Desperto. Perto. Incerto.

Murmuram maresias. Frias. Alegrias. Poesias.

Ecoam fábulas noturnas. Diurnas. Taciturnas. Urnas.

Gritam nortadas. Escancaradas. Suadas. Planeadas.

Sonham esquissos arquivados. Pintados. Cadeados. Fechados.

Voam pássaros sem asas. Brasas. Casas. Vazas.

Quebram olhares intimidantes. Estantes. Diamantes. Antes.

Sorriem lábios escarlates. Alicates. Alfaiates. Disparates.

Esculpem, poetas descabidos. Vividos. Sentidos. Desmentidos.

Morrem cadáveres putrefactos. Actos. Factos. Guarda-fatos.

Pensam friezas capitais. Mais. Normais. Fatais.

Escrevem, escultores assim-assim. Mim. Sim. Fim!