domingo, 21 de outubro de 2012

Cães, todos nós

Não ponhas prato na mesa.
Hoje vais comer no chão.
Aguenta-te com firmeza
Nessa vida de cão.


Põem-te coleira ao pescoço
Tiram-te da tua família
Em troca de um osso
Pedem-te constante vigília

Querem que ladres todo o dia
E mostres os teus afiados dentes
Olhar de quem desconfia
Não importa o que sentes

És um cão muito mau
Ficas amarrado lá fora
Dão-te espinhas de carapau
E uma festinha de hora a hora

Cão de guarda, argumentam
Em tempos de criminalidade eufórica
Os assaltos aumentam
E atingem meta histórica

Já não precisam de ti
És votado ao abandono
A última vez que te vi
Caminhavas já sem dono

Pelas ruas da má sorte
Até chegar ao azar
De ver de frente a morte
E dar-lhe um último rosnar.