sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Romance

Vago vagueio pela vaga cidade. Tem contornos de cidade fantasma. Conheço-lhe os contornos e o cheiro que sempre lhe foi característico. Está sombria e povoada de névoas. As portas ouvem-se bater ao sabor do vento que lhes toca - umas vezes mais fortes que outras - e rangem como num filme de terror, mas desta vez multiplicadas por mil. Mais de mil. Como as gotas de chuva que começavam a cair à minha volta. A névoa esvai-se em água com odor a avelã. Escorre-me pelo cabelo, rosto e roupa. Encharcado. Não quis saber. Permaneci estático debaixo daquela nuvem.
Observava o teu sorriso; a tua magia e o teu encanto. Hmm... A tua... beleza e o teu carisma. Era assim que me tinhas cativado. Não creio que fosse preciso a cidade estar fantasmal para sobressaíres, mas assim ficaste mais exposta. Talvez por isso te tenha descoberto. E agora... Tu? Não podes ser tu. Não existes assim. Não te vi antes. Passava ali imensas vezes. Estranhei a tua presença como agora estranho as tuas ausências.
Continua a chover. Mesmo depois da nuvem desaparecer.

(continua)

2 comentários: